09 março, 2008

Sócrates mantém ministra e desvaloriza protesto dos professores.



Coisas há que custam ouvir e mal não passaria a quem as profere uns ciscos de humildade.
José Sócrates tem todo o direito a defender a sua «dama» e sobre ela fazer todas as profissões de fé e os juramentos de fidelidade que entender. O que não pode passar pela cabeça é que todos sejam obrigados a afinar o tom de voz, e a substância do dizer, pelo seu diapasão. E há coisas que lhe convém relembrar, embora vozes de burro não chegam ao céu, mas deviam...
Não vai há muito tempo, a progressão dos professores, automática como ele diz ainda, era interrompida no momento da passagem do defunto 7º ao 8º escalão. Ainda encontra nas escolas muitos professores que fizeram essa prova exigida pelo estatuto... Era uma selecção, um afunilamento da carreira, berravam os sindicatos. E, se a memória não nos trai, um Governo eleito nos idos de noventa desfez essa norma e não vi ninguém nesse governo que protestasse por essa medida tão nefasta. Acudam que todos vão progredir sem avaliação... Outros tempos, pois eram, mas as posições de fundo não devem ter essa marca do sabor dos tempos, nem o de hoje se deve confundir com uma correcção a todo custo dos erro de ontem! A libertação da tenaz sindical não justifica tudo. Talvez não percebesse na altura, como parece não perceber agora o que estava e está realmente em jogo na Educação. Claro que percebe, a exígua margem de manobra a que está sujeito é que o obriga a esses desvarios de linguagem pura.
Claro que ninguém contesta o direito de reformar, mas custa um pouco sentir essa insensibilidade no que diz ante os protestos, e "constatar" que a razão está toda de um lado, como se um forte ventania a arrumasse apenas no canto do Governo.
Acha que a avaliação é necessária? É, porque é justo!
Acha que o modelo de avaliação é justo? Se responde sim... é porque o não leu.
Acha que é justa a avaliação pelos «pares»? Não é. Por duas razões fortes. A primeira porque impraticável por mais fichas que se engendrem e critérios e objectivos que se produzam. O toque de qualidade tem de ser exterior ao processo. De outra forma, a avaliação vai incentivar o conformismo e chorar lágrimas de crocodilo pela inovação e qualidade (e um Prémio Nobel para quem inventar um padrão de medida para a coisa!). Por outro, no actual sistema, é imoral. Na prática, vai colocar os avaliadores e os avaliados a concorrer a um mesmo bem: as classificações atribuídas por quotas! Há toda uma rede de garantias, respondem. Não gozem, não façam pouco!
Se é esta Escola que quer, sem dúvida que é coerente com o seu apoio à ministra. Se calhar não percebeu ainda que há gente que pode ter outras opções e bem melhores sem beliscar a sua intenção reformista. Claro que percebeu, ...
Afinal, uma breve investigação feita pelos professores encontra os modelos de avaliação que a sua ministra engendrou para cá em países como o ... Chile e a Colômbia. Pensávamos que a paixão pela Finlândia fosse duradoura, mas só é modelo às vezes.
Pois...

(alterado)