05 dezembro, 2007

PSD de Montalegre participa da Câmara

Um ponto prévio: não está em causa o DIREITO de participação criminal nem o DEVER CÍVICO dos vereadores, exíguas que sejam as suas competências na matéria, de fazer com que as instituições do Estado actuem no sentido de punir atropelos e violações à Lei.
O mesmo não diremos do Direito de publicar o que lhes apetece. Se de facto não estão em condições de esclarecer devidamente o acto à opinião pública, aqueles a quem essa matéria interessa de facto, não lho deviam comunicar com pompa e circunstância (pompa e circunstância, salvo seja!). Em boa verdade, lendo a notícia, nada se lá revela que não seja a opinião de que documentos, pensam eles, «poderem ser pouco claros ou conterem matéria que origine uma forte investigação ao município». A pouca clareza determina, vejam bem, uma forte investigação... Se fossem muito claros... Não, não é correcta a prática de um acto que se supõe estar alicerçado numa forte convicção e depois, com a maior candura e a aparência de um acto de refinado pendor ético -- afirmar que «o processo deve seguir os seus trâmites, com serenidade, sem exaltações e especulações» -- vir demonstrar sem qualquer dúvida estarmos em presença de um mero acto de suspeição.
Não negamos que aquilo de que se fala possa ser mais de que uma mera suspeição, o que nos parece é que, nesta caso, não interessam as explicações [como se o explicante se revestisse de um imaculada autoridade e fosse evidente a ausência de qualquer outro interesse que não os da verdade] mas as interpretações que se fazem ante os factos -- neste caso, ante a ausência de qualquer elemento que ateste a materialidade dos factos que invocam.
De um acto meritório e elevado civismo, este facto cai no contexto de um abjecto «déjà vu», o qual, não significando uma dramática tentativa de marcar uma agenda política ou de reverter artificialmente sobre si as atenções que lhes têm faltado, tem o «dom» de converter o cidadão em triste figurante de uma triste cena, como se esse fosse o papel que ilustríssimos políticos considerem como sendo nele coisa muito natural. Que os documento sigam para as instituições para que se garanta de facto que «
o processo deve seguir os seus trâmites, com serenidade, sem exaltações e especulações». Das especulações é que não se livra, e essa é a grande falha que denunciamos.

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