O segundo aspecto, cuja omissão é ainda mais gravosa, consiste no facto de que a senhora ministra partir de um pressuposto, que nos parece ser o cerne do percurso argumentativo e a único suporte de princípio, e que é tão só aquele que qualquer cidadão que se enfarinhe minimamente na escola já percebeu há muito não existir: já se percebeu há muito que o papel dos pais e encarregados de educação é frequentemente, demasiado "frequentemente", o de advogado dos filhos na relação dos pais e encarregados de educação com a escola e com os professores e não de parceiros no processo educativo, de educadores. Suportar toda a dinâmica do estatuto do aluno numa realidade meramente formal com poucas condições de exequibilidade, é inquinar uma relação que pretendendo fundar-se numa separação entre avaliação e sanção acaba na prática por subordinar estes dois processos a uma dinâmica que não se entende...
Se isto é verdade, e esperamos que desmintam, então todo o edifício do novo estatuto cai pela base, apesar do discurso de belas intenções!
Pena é que o parlamento se diminua numa tarefa de remendão de medidas de «autor». Numa perspectiva mais serena, a política de reforma da educação periga seriamente por estar a ser entendida mais como o resultado da implementação de um programa próprio. Faltando a adesão da sociedade por manifesta falta de qualidade da medida, resta a certeza de que essas soluções não passarão de medidas a prazo. É pena pelo tempo que se perde, mas isso mesmo se torna fundamental, porque estas posições delimitam objectivamente o campo de intervenção de outras forças políticas, abrem o espaço público para o debate e motiva o cidadão para a consciencialização do problema uma vez que estando farto de tanto experimentalismo e confusão acolherá "facilmente" as medidas que outras forças políticas legitimamente proponham para discussão e adesão! Podem acusá-las de demagógicas e populistas, mas as regras da democracia são estas, e perder uma luta política não significa que o adversário tenha mais razão na medida proposta, mas tão só que a política que se seguiu é que não tem razão nenhuma ...
E perder uma luta é a vitória da democracia!
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