«Uma no cravo, outra na ferradura», é o que apetece dizer a propósito do resultado do inquérito ao incidente da Covilhã. Lido o circunspecto relatório e recordando a opinião, que para unânime pouco lhe faltará, de que a visita da PSP ao Sindicato de Professores da Região Centro constituíra um acto lamentável e intolerável numa democracia, resta-nos a submersão, e consequente morte, num mar de dúvidas. Se o acto não passou, e resumindo, de um mero incidente técnico, fica para o cidadão a dúvida de saber se a impunidade brota por geração espontânea neste pátrio solo ou, se não for reprovável e sem remissão esse comportamento, apurar, em diligente inquirição, se estúpido não será por sua vez quem lamenta e reprova tal «visita» ao sindicato!
Talvez haja quem pense que deitando às malvas o apuramento pleno de responsabilidades se escapou, ou libertou alguém, de um aperto imediato, mas não lembra que a nefasta consideração de que se pode diluir a responsabilidade com soluções deste tipo não o salva nem se salva de males maiores. Pode até ser verdade que não se consiga apurar quem, em verdade, prevaricou; é bem verdade que ninguém do Poder ordenou tal «diligência», mas é uma verdade de igual força que tal acto não revelando a sua origem material, nos reenvia para o ambiente difuso da irresponsabilidade por norma e, mais grave ainda, para um clima de falta de cultura democrática … sem rosto
Mais uma vez, e em alvo caixão, mais uma culpa morra solteira, mas não se pode evitar pensar e dizer, havendo alguém considerado, e com razão, tal procedimento ser num «Estado de Direito» completamente inadmissível, que vai ganhando corpo na bruma essa «obsessão» ou «deriva» de que se fala.
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15 outubro, 2007
Uma no cravo...
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