14 novembro, 2008

« Como era velho aquele rapazinho da escola que eu fui, bem comportado, sério, enredado, já não nas malhas da natureza, mas nas da cultura, moldado pela família, pela raça, pela classe, e ainda mais quando entra na fileira da escola, essa máquina de nos fazer velhos, que teima e teima em fazer-nos viver no passado ou numa falsa eternidade: em fazer-nos tolos e faladores como Cícero, em ensinar-nos a matemática como ciência revelada, caída do céu, e não como uma criação contínua, que nasceu na necessidade humana de superar o acaso; em colocar-nos no termo da trajectória rígida duma história, com factos imutáveis como blocos de granito, e encadeamentos de causas tão implacavelmente necessárias que outra coisa não podemos fazer que não seja prolongar-lhes o invencível assédio. »

Roger Garaudy, Palavra de Homem, pp 10-11



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