Era este o título do Jornal de Notícias do passado dia 23. No interior da notícia, argumentos de peso de ambos os lados. De facto, os modelos de educação que se pensa adequados a uma correcta preparação para a a vida são incompatíveis com os modelos de organização do ensino do tipo ainda vigente em Vilar de Perdizes. Independentemente d0s afectos e do empenhamento dos profissionais de ensino na sua tarefa, a multiplicidade de competências, a complexidade e multiplicidade das "inteligências" que importa -- se devem -- desenvolver, são razões necessárias e suficientes para alterar um estado de coisas que não parecem propiciar as possibilidades de desenvolvimento cognitivo, afectivo de que os alunos precisam para a sua plena realização. E quanto a isso faz bem Fernando Rodrigues em definir um projecto e, coerentemente, promover a sua realização.
Mas iguais razões acodem às mães em protesto, ao chamarem a atenção para alguma violência a que os garotos vão ser submetidos. Tudo será relativizado, certamente, e cuidarão, já que tanto desvelo coloca no processo, de superar todos os constrangimentos e sacrifícios desnecessários. Trata-se, está bom de ver, de submeter os garotos a uma "transição brusca" não entre níveis, mas entre afectos e cuidados por um lado e uma certa impessoalidade e massificação por outro.
Alguma coisa está mal explicada em todo este processo e ideias com coerência começam a ser questionadas na sua real bondade pela perversão a que as submetem ao deixar passar para a opinião pública uma secundarização das preocupações pedagógicas em benefício claro da economia de uns centavos. Quando senhora ministra há dias dizia que quanto ao prolongamento do regime de monodocência nada estava previsto, apenas tentava minorar o impacto das conclusões de um relatório que apontava para isso mesmo. Mais ainda, segundo consta por aí, a formação de professores para esse regime já está em curso...
Parecendo não haver um denominador comum no que toca à real preocupação com os alunos na itinerância desta equipa ministerial, parece que o denominador comum se transfere para a área financeira, fazendo esquecer algumas medidas corajosas e correctas que se foram tomando...
E, infelizmente, têm que ser os autarcas a fazer a gestão destas contradições quando, é fácil de ver, se preocupam de facto com as gerações futuras.