Parece de propósito, sem, contudo, afirmar que o seja, mas não deixa de ser "pensável" esta coincidência entre o fecho da maternidade de Chaves e o anúncio de um hospital privado com maternidade ... em Chaves. Para que não restem dúvidas quanto à nossa posição sobre esse fecho, não vá alguém não entender por míngua de esclarecimento, não contestamos o seu fecho, isso mesmo, que os dados técnicos disponíveis colocam exigências de funcionamento eficaz e seguro para as mães e crianças muito para lá das condições disponíveis em hospitais com pouca afluência e parcos requisitos técnicos. Não sabemos, porém, como é que, para respeitar esses padrões de qualidade, um hospital privado as possa garantir, sem fazer perigar -- 390 crianças em 2007 --- a sua sustentabilidade económica. Primeira perplexidade, ... ou alguém pagará!
Naturalmente que já não damos de barato a adesão ao processo de ermamento do estado no que à restante cobertura de serviços de saúde diz respeito, e não deixa de ser feliz a coincidência da afirmação concreta do preenchimento desse vazio pelas iniciativas privadas. Pois, nada melhor que deixar para os outros o cumprimento das obrigações que a nós nos cabem. Mas não perderemos muito tempo até que se veja a contratualização dos serviços que agora se encerram no sector público aos serviços privados. E com que custos...
Por princípio, nada nos moveria contra esse procedimento se na sua génese não estivesse a razão maior, embora bem escondida, da iniquidade de algumas medidas. A razão maior da ineficácia e desperdício no sector da saúde não está nos custos dos cuidados de saúde aos cidadão, mas na confusão entre os vínculos e interesses dos seus profissionais, entre o exercício público e o privado da profissão. E se iniquidade foi o termo que usamos para valorar algumas medidas, tal se deve ao facto de serem sempre os mesmos que acabam por pagar os custos, que não só os financeiros, os do costume: do interior desertificado e de baixa «cotação» política. E por que razão? Sem dúvida que por incapacidade ou impotência, por incompetência em operar as mudanças que devolvam à «saúde» o seu lugar fundamental na produção da qualidade de vida e do equilíbrio, justiça e racionalidade essenciais a uma cidadania de iguais. A ineficácia, o desperdício da «saúde» não está na prestação de serviços de proximidade aos cidadãos, mas na incapacidade de impor em alguns sectores da saúde a «moralidade» que se decreta, sem apelo nem agravo, a outras áreas da administração pública.
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