29 março, 2007


Numa democracia todas as ideias e perspectivas valem, estão ao mesmo nível. Por isso a variedade de opiniões que recortam o perfil de um problema não radica na maior ou menor «fundamentabilidade» de uma ou outra opção contra uma outra, mas no peso diferenciado que certos valores têm para cada cidadão interveniente. As dúvidas sobre a Ota não devem ser de natureza diferente -- e muito menos daqulasque se justificam apenas porque o Estado português parece optar por essa localização -- das dúvidas lançadas sobre Rio Frio ou Poceirão. Aliás, se acompanham a discussão técnica da «coisa», poderão que concluir que os grandes problemas afinal não o são e que os motivos que, parece-nos, justificam a opção Ota são de todo em todo de natureza política: um certo perfil de desenvolvimento e a emergência de certos valores de natureza ambiental. Que estas opções têm custos, certamente, mas não deve ser esse o cerne da questão: o “economicismo” ou é sempre mau ou não pode ser mau para uma coisa e não para outra: Se é mau porque leva ao fecho de maternidades, SAP'S e outras coisas que tais, não pode ser bom para justificar uma opção como a não-Ota. Num caso e no outro devem estar relevados e preservados os mesmos valores: os serviços prestados às pessoas e a opção economicamente mas vantajosa. E neste caso, como no caso das urgências de Chaves ou os SAP's ou maternidades de outros lugares, a solução mais barata não tem garantida a condição de ser a mais vantajosa.
Por isso todos estamos em defesa da melhor solução... que não tem que ser forçosamente a Ota, mas depois do debate técnico -- que não aconteceu, o que é pena -- no programa «prós e contra» de ontem é legítimo a qualquer um de nós perceber -- e não considerar este facto é apenas uma opção ao dispor de quem opina -- que as vantagens das alternativas contra-propostas são eminentemente de índole corporativa e ... partidária, que as técnicas… temos dúvidas também! Afinal, ver engenheiros a dar palpites de natureza absolutamente política deixa antever o nível a que a discussão se faz! As alternativas carecem de outros defensores e, como dissemos no post, não é um rascunho feito em quinze dias que responde positivamente a todas as questões a que as outras soluções estudadas não respondem. Milagre, não é… Procuramos tirar por nós mesmo algumas dúvidas, mas não conseguimos naquele emaranhado de relatórios e termos absurdamente técnicos.
Por isso, a solução é eminentemente política e operada no quadro de outras referências que não aquelas nas quais nos querem afunilar a inteligência… e o discordar ou não funda-se em razões legítimas que assistem a cada um, mas que não têm o peso que lhes colocam para arrastar definitivamente num mesmo sentido as opiniões de toda a gente! Nem as ‘posturas de estado’ de alguns partidos que orientam pelo sentido do vento o rumo que hão de tomar perante o caso ajudam à tomada serena de uma posição e à percepção que o cidadão deve ter do que está realmente em jogo e à verdade de cada posição assumida.

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