18 outubro, 2006

2.

A liberdade de comentários não é condição para que haja liberdade de expressão. Em dois blogs de referência que habitualmente consultamos – ‘Abrupto’ e o ‘Causa Nossa’ -- não há comentários automáticos, mas não deixa de neles haver a expressão das opiniões de quem a tem.

O anonimato é, pois, a contraparte natural dos autores de certos blogs, expressão da simbiose biótica da sua sobrevivência. Afinal, qual a diferença de planos entre aquilo que um «anónimo» refere comparando-o com aquilo que alguém, no mesmo blog ‘a-posta’. Tecer, por exemplo, por sugestão ou insinuação, anonimamente, considerações sobre pessoas, sobre aquilo que foram ou são, ou outros, replicando, por exemplo, regredirem a uma coincidência dos planos da palavra e do rosto ou mandar alguém apanhar pés de burro para o monte. Se na forma estes actos nos aparecem evidentemente diferente, no fundo tudo nos remete para o mesmo plano: se não é em absoluto para o plano do vazio de ideias que suporta a expressão – esta é sempre o correlato de um acto mental e, por isso, na hipótese do vazio, lhe seria mais próprio a compaixão que a censura--, é pelo menos, faltando a Lealdade nos meios e a objectividade da expressão, no plano do comprazimento, por vezes ululante, dos membros de uma claque que se entende essa mistura essencial.

Afinal, porque é não nos explicam (o que fomos dizer, explicar!) que interesse tem a 'nossa' opinião quando, sobre a 'nossa', e em 'nosso' socorro, vem alguém, 'anónimo', a quem previamente, e não dizemos tudo o que lá está dito sobre o 'anonimato'!, em Metamorfoses regressivas ou o anonimato-escudo. (Só lê quem quer!) caracterizaram essas atitudes de postar anonimamente como reveladoras de um «traço distintivo de metamorfose regressiva de identidade»? Se a opinião de tal autor em tal estado se pode assim tão facilmente colar à nossa, que valor e coerência tem a nossa?


(cont.)