Ponto 2
Os valores que Manuel Alegre chamou a si são comuns, não no sentido de vulgares, mas no sentido de que podem ser avocados por qualquer candidatura. Etéreos como são, não são, por isso mesmo, reconhecidos senão no revestimento e na perspectiva que dão às medidas e posturas concretas. Só aí a sua presença ganha sentido: a compreensão para o eleitor comum. De outra forma, a inquestionável sinceridade que se coloca na sua propositura, a radicalidade que se invoca para os seus fundamentos permite apenas que o seu opositor, aquele que se diz combater, faça brilhar, realce, eleve, face à luz que sobre ele faz incidir tal discurso, a bondade da sua postura, a utilidade da sua proposta, a inevitabilidade do vencimento da sua candidatura. Afinal Alegre não tinha à partida, na eventualidade desse confronto, o domínio das matérias concretas da política que se faz, mas partilhava com Cavaco Silva o mesmo discurso, o mesmo combate aos aparelhismos, o mesmo incómodo face à 'política'. Alegre delimitava o discurso de Cavaco pretensamente pela esquerda, Cavaco delimitava o de Alegre pela direita. Um compunha e reforçava a posição do outro. No limite, interessava saber quem à partida neste jogo de forças excluindo os demais estava em vantagem: o professor Cavaco Silva à partida em nada era, seria, podia ser, beliscado pelo discurso do Dr. Manuel Alegre saído de fresco de uma luta no interior do aparelho que o produziu. E aproveitou comodamente – face à curta campanha eleitoral -- a circunstância de não haver espaço para o debate e consideração daqueles aspectos concretos que poderiam ser incómodos para a candidatura vencedora. Porque esses aspectos não são do domínio dos princípios, mas da prática. E havia, além do mais, a vantagem de 10 anos de hibernação. Aqui a estratégia de Mário Soares, isolada talvez, de colocar a tónica nesses pontos falhou redondamente.
O combate ao aparelhismo dos partidos políticos, ‘contra ventos e marés’, só podia aumentar as vantagens daquele que valia mais que o partido de agora e que então o elegia.
Os valores que Manuel Alegre chamou a si são comuns, não no sentido de vulgares, mas no sentido de que podem ser avocados por qualquer candidatura. Etéreos como são, não são, por isso mesmo, reconhecidos senão no revestimento e na perspectiva que dão às medidas e posturas concretas. Só aí a sua presença ganha sentido: a compreensão para o eleitor comum. De outra forma, a inquestionável sinceridade que se coloca na sua propositura, a radicalidade que se invoca para os seus fundamentos permite apenas que o seu opositor, aquele que se diz combater, faça brilhar, realce, eleve, face à luz que sobre ele faz incidir tal discurso, a bondade da sua postura, a utilidade da sua proposta, a inevitabilidade do vencimento da sua candidatura. Afinal Alegre não tinha à partida, na eventualidade desse confronto, o domínio das matérias concretas da política que se faz, mas partilhava com Cavaco Silva o mesmo discurso, o mesmo combate aos aparelhismos, o mesmo incómodo face à 'política'. Alegre delimitava o discurso de Cavaco pretensamente pela esquerda, Cavaco delimitava o de Alegre pela direita. Um compunha e reforçava a posição do outro. No limite, interessava saber quem à partida neste jogo de forças excluindo os demais estava em vantagem: o professor Cavaco Silva à partida em nada era, seria, podia ser, beliscado pelo discurso do Dr. Manuel Alegre saído de fresco de uma luta no interior do aparelho que o produziu. E aproveitou comodamente – face à curta campanha eleitoral -- a circunstância de não haver espaço para o debate e consideração daqueles aspectos concretos que poderiam ser incómodos para a candidatura vencedora. Porque esses aspectos não são do domínio dos princípios, mas da prática. E havia, além do mais, a vantagem de 10 anos de hibernação. Aqui a estratégia de Mário Soares, isolada talvez, de colocar a tónica nesses pontos falhou redondamente.
O combate ao aparelhismo dos partidos políticos, ‘contra ventos e marés’, só podia aumentar as vantagens daquele que valia mais que o partido de agora e que então o elegia.
1 comentário:
Concordo com tudo o que você escreveu sobre Manuel Alegre.Ficaria satisfeito se ele fundasse um novo partido político.Manuel Alegre racharia o PS ao meio e o PSD reinaria absoluto
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