09 outubro, 2008

Pois...

Reportagem: "Contava os dias para meter os papéis da reforma"

Terminou a aula de lágrimas nos olhos. Foi a última da carreira de professor. Aos 62 anos, 36 dos quais dedicados ao ensino. António Moreira sentia que podia ter dado "muito mais" à profissão que só esperava abandonar quando não tivesse mais forças. Não deu porque "se sentiu a mais", num mundo muito diferente daquele no qual entrara há 36 anos atrás.

"A partir do momento em que comecei a sentir a profissão como um fardo, em que comecei a pensar que estava a mais, com a desconsideração cada vez maior relativamente à profissão, com tudo o que se dizia sobre os professorea, comecei a estudar seriamente a hipótese de pedir a reforma antecipada", explica este antigo professor do 2.º ciclo de Matemática e de Ciências da Natureza.

Desde aí, confessa, só pensava no dia em que podia, finalmente, trocar a sala de aula pela reforma. Algo que, no passado, não lhe passava pela cabeça. "Pensava que podia dar aulas até tarde, quando não tivesse mais forças. Mas o ambiente que se vive hoje nas escolas é insuportável... Cheguei a uma altura em que contava os dias que faltavam para meter os papéis da reforma", recorda António.

Quando o dia finalmente chegou, invadiu-se-lhe "um estranha sensação de alívio e de liberdade" que, cada vez mais, os seus antigos colegas também querem experimentar. E com penalizações na reforma ainda maiores do que a de António. "Muitos colegas meus estão a fazer o mesmo que eu. Vêm-se embora porque estão cansados com a forma como são tratados. E muitos deles estão a sair com penalizações muito significativas na reforma". conta.

Hoje, António não esconde que sente saudades das aulas e dos alunos. Sente que "podia ter sido mais útil em muitas coisas", que podia "ter dado muito mais à profissão e aos alunos". Mas garante que não podia continuar numa escola que sentia já não ser a sua."

in JN


As afirmações do Valter Lemos que referimos em post anterior são contestáveis pela incapacidade que o dito tem de negar estas evidências, e mais do que isso, de tácita e insensivelmente desqualificar estas situações sabendo como sabe que também radica na sua "competência" as justificações para tal facto. Certamente que este era o resultado esperado das suas iniciativas políticas e não somos nós que esperamos ver, ao vivo e a cores, o governante a desbravar a sua intencionalidade. Por outro lado, vendo na TV que a figura destacada pelo Governo para o debate de iniciativa do PSD sobre a educação é ... o Ministro dos assuntos parlamentares, só podemos concluir ou pela fraca consideração que o governo tem pelo esclarecimento dos problemas da educação, ou pela falta de credibilidade da equipa ministerial para debater e defender as políticas e as soluções em vigor na educação.

Já agora, e para que se não diga que estas notas não são mais que humores...

António Pina -- A grande evasão.

João Gobern -- O Adeus aos Mestres na Antena 1


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