03 setembro, 2008

NÃO HAVIA NECESSIDADE...

Ao proclamar o "fim das facilidades" reportando-se ao número elevado de docentes que ficaram por colocar, não deixa de ser contraproducente para a compreensão do fenómeno o modo e os termos em que o Primeiro Ministro reagiu. De facto, nenhuma culpa lhe podem atribuir em tal situação, apesar do que dizem os sindicatos. As realidades demográficas e os constrangimentos orçamentais (melhor, o modo como arquitectou a superação desses constrangimentos) "ditam", de certo modo, uma maneira de agir... Claro que proclamar o sucessivo aumento de alunos nas escolas públicas não "casa" bem com o não aumento do número de professores, mas essas questões são já do domínio da política educativa e não da do emprego.
Por outro lado, custa ver o mesmo Estado a dizer tal coisa quando, não vai há muito tempo, proclamava o acesso de um número cada vez maior de jovens ao ensino superior. Claro que esse número não era tão facilitado a cursos como os de medicina e a outros de que bem se sente hoje a falta de formação especializada de nível superior. Hoje vivem-se as consequências desse facilitismo e se nada se pode fazer quanto a isso, um pouco mais de respeito e solidariedade com quem vive negativamente este momento não ficava mal ao Primeiro Ministro. Parece que ainda não foi capaz de distinguir entre o que dizem, fazem e são organizações sindicais e o que são pessoas!
Vai-nos ficando essa impressão de que se alguém pode perorar contra o facilitismo, serão, certamente, alguns desses licenciados, os seus pais e famílias...
Como outros apontarão certamente problemas amanhã radicados no facilitismo de hoje!