Não deixa de pairar no ar uma certa afectação pedante na consideração de que o "NÃO" irlandês é uma derrota pessoal do primeiro ministro. Tanto ou mais que ele, uma quantidade enorme de europeu estão empenhados em construir uma verdadeira Europa, capacitando-a para ter uma voz activa na construção civilizada do Mundo enquanto alternativa real e poderosa a certas linhas de desenvolvimento e a poderes fácticos que afunilam a esperança e justificam como fatais tudo quanto de negativo emerge no plano social, económico e político. Nesse grupo nos incluímos, manifestando o desejo de um evolução institucional da Europa no sentido de se constituir como um bloco sério e seguro a favor de um civilização que se deseje património da Humanidade. Este revés não deixa de ser também uma derrota de todos nós!
Mas vendo, por exemplo, a última decisão da comunidade europeia que prevê que a semana de trabalho pode chegar às 65 horas, pergunta-se, afinal que progresso, que alternativa pode oferecer a essa massa enorme de cidadãos uma Europa que se alheia paulatinamente da sua história, das suas diferenças positivas? Que motivação tem hoje um cidadão da Europa para investir afectivamente numa ideia que muda constantemente de figura e é contradita pelos factos e pelas inevitabilidades às quais ninguém confessa ter força para contrariar?
Se alguma razão tem o Garry Adams ao afirmar que o "NÃO" deve ser lido como o desejo dos povos de ter uma Europa Social, José Sócrates bem pode clamar derrota pessoal, mas não se esqueça da possibilidade da emergência nesse acto de uma censura política.
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