03 março, 2007

Empreendedorismo.

Quando por vezes falamos de empreendedorismo -- e falamos bem menos que o que seria necessário -- não fulanizamos a coisa, não acusamos A ou B, mas falamos de um «ambiente» que é ou não é propício ao investimento e criação de riqueza. Mas falamos também de muito dinheiro que foi canalizado, pretensamente, para a modernização das estruturas produtivas da região. Falamos em particular daquela que é (era) a mais importantes. Importância relativa, diga-se de passagem, mas a agricultura em termos de visibilidade era a rainha (e dizemos era porque, e muitos assinarão por baixo, porque manda a verdade que o diga mesmo depois de muitos investimentos e revoluções tecnológicas a dita "não sai da cepa torta"). Portanto empreendedorismo não quer dizer dinheiro, pensamos até que esse, ante uma iniciativa consistente, será o mais fácil de arranjar.
Ora quando falamos de empreendedorismo falamos de ideias: novas ou de aproveitamento daquelas actividades que são passíveis de empresarialização.
Vejamos este exemplo hoje noticiado: «Criado "berçário" de empresas».
Que é que tem de novo? Nada. Parcerias estratégicas que antecipam e experimentam ideias com vista à sua possível introdução no tecido económico. O essencial deste projecto não está naquilo que não falta em lado nenhum, mas naquilo que vemos frequentemente faltar até naqueles que se dizem de empresários: a capacidade de inovação e assunção do risco potencial que lhes está associado. E é nesta área que a inovação também é preciso: que os poderes públicos «almofadem» o percurso daqueles que possuindo capital intelectual para investir não o fazem pela incapacidade de prever e antecipar todas as consequências. Capital de Risco, e já dele aqui trouxémos exemplos.
Infelizmente, no interior é muito difícil conjugar estes dois factores: uma estrutura a montante responsável pelo arejamento intelectual da juventude mediante uma formação científica e tecnológica adequada e um «amparo» no arranque, capaz de dar às boas ideias o impulso determinante. Quando estas não existem é que não há nada a fazer.
Quando vemos autarquias a dar subsídios a jovens estudantes universitários lá da terra sem cuidarem do seu «retorno» ou a investir rios de dinheiro em subsidiação do ensino básico a gente com recursos, só podemos sorrir.
Falta dinheiro depois para estes investimentos estratégicos em ideias estratégicas.

Empreendedorismo é um pouco isto -- um pouco apenas porque tem a ver com o modo como o entendemos -- uma orientação estratégica das famílias, da administração e das instituições para a inovação e para a criação de riqueza, é uma marca, uma espinha dorsal das políticas de investimento público, mas também do investimento na formação e educação que deve estar manifesto nas opções das famílias e das empresas.


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