15 novembro, 2006

Feira do Fumeiro 2007 (2)

Numa anterior abordagem à Edição de 2007 da Feira do Fumeiro, deixamos uma questão relacionada com o evento e que tinha a ver com os seus reflexos no tecido empresarial. Ficou claro que não somos puristas nem fazemos depender a qualidade do produto da sua estrita dependência de processos artesanais de produção. Não é que duvidemos da sua qualidade! Não, longe disso. Aliás estamos habituados que em todas as edições apareçam umas certas luminárias a apregoar defeitos e a levantar o problema da qualidade, o problema das inspecções etc., etc. Se a memória não falha, o pontapé de saída foi dado aqui há anos por uma certa força política que vexou toda a gente com as suas suspeições. Muito, entretanto, se fez e superaram-se alguns defeitos que com razão foram levantados, mas, pelo que vemos, o bichinho continua activo! A propósito disto tudo, convém informar – e corrijam se estivermos errados – que o licenciamento de unidades artesanais confere o direito à produção e comercialização de fumeiro, num raio limitado, é verdade, mas suporta esse processo. Nisto, o site da Câmara também falha, e podia disponibilizar essa informação, mediante referência directa para os diplomas respectivos. O saber não ocupa lugar e pode dar muito jeito em certas ocasiões!

Mas a questão que colocávamos refere-se precisamente a essa limitação inerente ao produto e à produção, e à impossibilidade de crescimento e ocupação de nichos de mercado específicos que o fumeiro de Montalegre tem e os que pode conquistar. A fábrica existente é, pelo que temos visto e ouvido, um exemplo que, particularmente, lamentamos não ser seguido por mais empresários.

Acreditamos que esta discussão, tida de forma desapaixonada, pode levar a uma compreensão do processo de produção de fumeiro e a sua integração no todo da economia de Montalegre. E iguais medidas ou considerações se pode fazer relativamente a alguns produtos que mais cuidado mereceriam na sua abordagem promocional. Se recordarmos aquilo que temos vindo a dizer ao longo dos tempos e em particular o referente à «Quinta da Veiga», (e, naturalmente, o que dizemos tem o valor de uma opinião, discutível por definição), a Câmara Municipal deve reformular de facto o modo de aplicação dos incentivos às actividades económicas e favorecer aquelas iniciativas que pela sua abrangência e inovação sejam capazes de gerar mais valias de fluxo duradouro nas famílias de Montalegre. Mas, em boa verdade, essas iniciativas devem partir da comunidade empresarial e na medida em que construa, engendre soluções sustentáveis capazes de injectar inovação na valorização de produtos e gerar mais valias, emprego ... vitalidade económica. Não lhe cabe o papel de «empresário», mas o de apoiar, de alimentar essas incubadoras de ideias e de empresas.

Só por descuido sério se pode imaginar uma revolução completa no panorama económico da região, mas é, a nosso ver, possível com pequenas revoluções retirar mais valor e proveitos de tudo quanto se faz e produz em Montalegre.

Assim os próprios o desejem e outros não o impeçam pelo que dizem e pela má imagem que constroem em competição com a boa imagem que se demorou a construir, fundando as observações críticas no sistemático recurso à legítima opinião, claro, fundada, por sua vez, na também legítima opinião de um outro que também tem, legitimamente a opinião que, entretanto um outro….

A Câmara, como o dissemos, ainda tem folga para apoiar essas iniciativas e reorientar o enorme esforço financeiro que tem feito no sentido de acamar iniciativas com algum cariz «revolucionário» ou de «risco» e, porque não, diligenciar no sentido de que outras possam germinar.

O remédio, achamos nós, não pode continuar a ser a pura e simples «subsidiação».