Caro Vitor Laiginhas,

Só imaginando-o ‘marciano’ acabadinho de chegar à terra se pode considerar fundada a consideração de quase-hipocrisia por detrás do nosso ‘pode’. Se o anima assim tanto a vontade de saber (que anseia até que possamos dizer tudo o que sabemos), e rivalizar assim com esta «douta» pessoa -- consideração que ela não merece e só por mau gosto V. Ex cia profere --, é preferível que perore sobre o que sabe e que beba a informação que suporta o nosso ‘pode’ na fonte de onde a retiramos e a entenda no preciso contexto em que ela é empregue. E o contexto é o texto! É simples, e pode, então, ver com os seus olhos o alcance do nosso 'pode' no conhecimento que conseguir da matéria sobre a qual parece saber, mas que se esforça, parece-nos, por fazer crer não saber. Depois, vendo (lendo, fazendo-se presença quando a informação acontece!), pode ser que se convença a si mesmo (que recusa a força dos nossos argumentos) daquilo que recusa considerar tal como nós o dissemos. E lá está tudo claro demais para que se aproxime sequer do mérito o valor da apreciação que nos faz! É lamentável alguém ter que se rebaixar no que diz para que dessa inferioridade artificiosa retire a comiseração que justifica ou dá valor a quanto diz! É voluntária da vossa parte e não necessária a ignorancia de sentido que manifesta.

É que o ‘pode’ também o desarma, não é?, porque no quadro em que está dito, significa «é», e a consideração do seu significado retira qualquer valor às teses de muita gente, e remete o nosso dizer sobre o assunto para o plano do exequível e, por via disso, muito do dizer ‘sobre isso’ que por aí voga ao vento se converte em quase-nada!

E já agora, V. Ex cia, pelo que julgamos saber, não é qualquer um a quem faltem as capacidades para proceder à discussão substantiva e para recusar a instrumentalização a um sentido que não assume ao dizer em quatro linhas. Impressiona que tenha que se valer deste subterfúgio «terceiromundista» de argumentar ad hominem para denunciar… que existe!