29 setembro, 2006

A infantilidade: das visões incomensuráveis do mundo.

Vista a prosa, esquecemos já a posição original, «Um carro de trabalho», lembra? Lembra, certamente, a este propósito, a questão que lhe colocava no comentário inicial: «resta saber que frutos hão de colher da sementeira de tanta insignificância.»? Veja os comentários que foram postos ao seu ‘texto’ e verá que não passaram de graçolas. Esperava manifestações de criatividade, incremento de responsabilidade e exigências ante o poder da parte dos cidadãos ou a inflexão de comportamento da parte dos ‘denunciados’ ante a sua ‘denúncia’?. Nada disso aconteceu, mas antes um chorrilho de insignificâncias niveladas com o ‘texto / pretexto’ que lhe deu ensejo.

Se alguém referiu «o autor quer um BMW» como comentário ao seu post, manda a humildade que leve o dito a sério e, reflectindo sobre isso, perceber haver da parte de quem disse razões para o fazer (não me vai dizer que a sua razão é superior à deles!). Não porque o que pretensamente V. Ex cia disse possa sugerir isso, mas a forma como o disse legítima, na minha opinião, todas as considerações. Sim, todas as considerações, mesmo aquelas que nos pareçam ilegítimas, sem qualquer fundamento. Está a ver, fosse o ‘texto’ rigoroso, claro, irónico, criativo…. e não justificava nem fundava tiradas como aquelas que relaxam o que julgou muito bem feito. A justiça do que disse ao acusá-lo de falta de rigor está na possibilidade de, vista a forma nada cuidada com que o pretendeu dizer, alguém poder fazer apreciações injustas sobre os outros … e sobre si!

Naturalmente que também tem razão, e eu dou-lha, quando diz que «a razão, quando se tem, cabe em quantas palavras quisermos utilizar» Afinal, é essa a minha tese. Use todas as palavras, quantas entender que necessite para mostrar a Razão que tem, enuncie com os recursos estilísticos que entender o problema e opine. Reprovo-lhe apenas o facto de não ter agido de acordo com a máxima que defende, conotando os termos ao significado que muito particularmente lhe dá e feito entender alguns – pelo menos a mim – uma coisa diferente daquilo que tentou dizer. O que se prova, por tudo quanto quis dizer e disse até agora, é que oscila entre o oito e o oitenta. Deixe-se, pois, dessas iluminuras «barroco-vieiristas, com algo de maneirismo tardio», pois que com bem menos recursos consegue ser claro, objectivo e rigoroso e dar-se a entender a gente que nada mais quer senão entendê-lo sem equívocos!

E podia, e posso, estar errado no juízo que fiz, mas a latitude interpretativa que as dimensões denotativas e conotativas do conceito permitem não consegue provar-ME pos si só a sustentabilidade moral de opiniões ou palpites – sejam eles expressos em ‘cartoons’, fotografias … (o que quiser) -- sobre pessoas, instituições ou actos praticados que não se pautem por um critério de rigor, justiça e, se possível, de VERDADE.

É uma mera questão de princípio, estruturante de qualquer apetite pessoal de liberdade.

E mais não disse, mais não digo.

4 comentários:

Pedro Silva disse...

"Texto/pretexto"?

Texto/pretexto?
Parece que sim...

N.P. disse...

Não sei que efeito espera o meu caro amgo desta referâcia cruzada. Podia, se bem que lhe custe, e muito, pelos vistos, enunciar algumas ideias, ainda que com uma pitadinhas de ironia. Porque, mesmo não sabendo se me conhece, julgo falar verdade ao dizer de mim mesmo que sou teimoso como não há, mas tenho a humildade suficiente para, denunciando o erro, alterar aquilo que fiz errado ou menos bem. Agora se essas abordagens se resuem a actos de auto-satisfação, não lhe darei novidade nenhuma ao dizer-lhe que noutras áreas e actos poderá retirar maior prazer -- colocando uns posts com alguma poesia, por exemplo. No espaço para onde nos manda, prove-nos que também é capaz de falar claro e que as palavras 'verdade' e 'coragem' que utilizou não são meros 'flatus vocis'.
O seu problema é esse: achando-se mais esperto que os outros todos juntos, considera que o mero 'balbuciar' dos seus neurónios reproduz de imediato o sentido último de tudo. Se assim é, porque razão há de lançar o bodo aos pobres?
E tem razão, de facto. Só não percebo uma coisa! Porque se esforça tanto a desmontar a minha posição? Afinal, se já viu este filme, e depreendo que o considera mau, não percebo porque se esforça tanto em figurar nele. Ou será que tendo-o visto não lhe terá vislumbrado o sentido (naturalmente por ter adormecido a meio). E agora que o voltou a ver, aprendeu alguma coisa?

Pedro Silva disse...

Aprendi.

Mauro Pereira da Silva disse...

Bom texto. Uma pitada de ironia / cinismo tornam o texto mais interessante, sem dúvida. Abraço cordial.