04 maio, 2006

O que por aí se diz à conta de uns simples semáforos!

Esta história recorda-me uma outra de há tempos, bastantes por sinal, que passou na BBC. Sim, na BBC e reportava-se a um programa sobre Portugal. A reportagem incluía a inauguração do primeiro troço da A3, Porto-Valença e que na era altura se inaugurava apenas o troço Porto-Cuz. Inauguração feita, pasmava-se o espantado realizador da reportagem, com enorme pompa e circunstância. A ‘espantação’ do realizador residia no facto de que no Reino Unido eram feitas ‘inaugurações diárias’, colocados em serviço, troços como aquele, sem qualquer manifestação de excepcionalidade. Peculiaridades portuguesas, sem dúvida, alimentada na altura por um governo que fazia do betão a sua imagem de marca e não poderia deixar passar em claro a oportunidade de o mostrar. Pena é que ainda hoje se vislumbrem resquícios dessa atitude que foi de outrora e não considerem o investimento em infra-estruturas viárias uma questão de boa gestão corrente da “coisa pública” .

Não sei quem lançou a discussão sobre os semáforos da estrada de Meixedo. Já vi muitos a querem a paternidade da ideia a troco (ou a saldo) da ideia do “túnel”. A colocação de semáforos nesse local não deve (não devia) revestir-se de qualquer carácter excepcional não fora o facto de serem o primeiros a ser colocados. Se concordo com eles?, não concordo, não me parecem eficazes. Não porque não funcionem, mas porque carecem de uma presença dissuasora ante a hipotética (se calhar bem real) falta de civismo de quem conduz. Não são os semáforos quem vai evitar a passagem no local a velocidade excessiva de todos aqueles que o desejem fazer.

Resta o túnel? Não, megalomania de quem o pensou e falta de realismo e pragmatismo político de quem o prometeu, de quem o prometeu já vencido que, certamente, nunca se viu com poder para, depois, ter que justificar a sua não-construção. Basta olhar e ver o local para se perceber e inoperância dos resultados face à exorbitância dos custos.

As lombas não são solução para ninguém. Já bastam os buracos que neste pais semeias as estradas!

Bastam as rotundas, sim, as rotundas que, para lá da sua má-fama são um óptimo instrumento de gestão de tráfego. Pelo menos é assim que as vejo. E não tinham que ser ornadas com qualquer motivo encarecedor da sua construção. A solução teria, porém, que ser replicada até ao infinito e pode, porque as há, haver outras soluções que, mais caras que os semáforos, sem dúvida, impõem efectiva limitação de velocidade e imperiosa obrigação de cumprir os limites de velocidade. A colocação de radares ligados a uma força policial (pagos pelo município, porque não?) ou a construção de «chicanas» e de “faixas de espera”, pequenas desvios do trajectos rectos que impusessem limitações efectivas aos condutores. Não seriam difíceis de construir, apenas em uma das faixas, nem nas rectas de Meixedo nem, por exemplo, na Estrada da Fronteira na entrada da vila. Ideias apenas para acabar com e espúrio ping pong opinativo que grassa por aí e não me incomoda nada que não concordem com elas ou denunciem a sua inoperabilidade!

Não se entenda esta opinião como coisa para lá dela mesma, mas tão só a denúncia da limitação de uma discussão que se faz sem argumentos, eivada apenas e só pela pressa de uns em dizer bem demais e a de outros em dizer mal e quanto pior melhor! Porque qualquer solução é passível de ser criticada, incluindo aquelas que aqui agora postamos, mas a verdade é que o bem estar colectivo é construído com e pela participação efectiva de todos que achem por bem e boas as ideias que possuam sobre qualquer coisa, que do outro lado estará sempre alguém capaz de as ouvir e pensar ou de responder por, aparentemente, não lhe prestar atenção.

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