10 janeiro, 2006


PR elogia "determinação e decisão" de Sócrates

Jorge Sampaio e José Sócrates trocaram ontem, em Belém, elogios mútuos

manuel carlos freire*

LUSA-Antonio Cotrim

despedida. Jorge Sampaio recebeu últimos cumprimentos de Ano Novo
"É esse o Governo de que Portugal precisa e que os portugueses escolheram para os próximos anos". A frase é de Jorge Sampaio e foi desta forma que o Presidente da República agradeceu da parte do primeiro-ministro os votos de bom ano numa cerimónia no palácio de Belém.

No mesmo dia em que regressou a polémica em torno do eventual envolvimento de Sampaio no negócio da EDP (ver pág. 26), o Presidente e José Sócrates trocaram elogios mútos.

Joege Sampaio deu público testemunho do "sentido de coragem, de determinação e de decisão com que o actual primeiro-ministro e o seu Governo têm exercido o seu mandato, num período de dificuldades para Portugal". José Sócrates afirmou ter "absoluta certeza que a História registará que o entendimento que o Presidente da República fez, ao longo do seu mandato, dos poderes presidenciais será um registo que honrará este exercício".

O Presidente, que recebeu em Belém todos os membros do Governo e ainda cumprimentos do Parlamento e de outros titulares de cargos públicos, enalteceu o papel do primeiro-ministro e as suas qualidades que, no seu entender, "distinguem os homens de Estado nos momentos de crise e são aquelas que tornam possível recuperar os vínculos de legitimidade entre as instituições representativas e os cidadãos". E, em jeito de antecipação de possíveis críticas às suas palavras, sublinhou que "a independência do Presidente da República não o impede de reconhecer as qualidades dos primeiros-ministros" (António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes e Sócrates) que chefiaram "sucessivos governos e outras tantas fórmulas governativas". Por isso foi mais longe, estendendo a todos os anteriores chefes de governo o reconhecimento de que "em todos os casos, pude comprovar o seu empenho em bem servir a causa pública e em defender o interesse nacional. Pela minha parte, procurei seguir as mesmas regras que asseguram, nomeadamente, um quadro de solidariedade institucional entre o Presidente da República e o primeiro-ministro".

José Sócrates, por seu lado, disse ter a mesma leitura do Chefe do Estado cessante, sublinhando ser "não apenas o mais adequado como aquele que melhor serve os interesses de Portugal, tendo em conta os desafios que o país enfrenta neste século XXI". E prosseguindo no mesmo registo, afirmou ser seu dever "dar nota pública do reconhecimento do Governo por termos encontrado sempre da parte da Pre- sidência da República uma colaboração política e um apoio que o Governo, quando necessitou, nunca o Presidente da República lho negou".

Sócrates enalteceu ainda a "excelente", "franca e leal" cooperação institucional mantida entre os inquilinos dos palácios de Belém e São Bento desde Março passado, quando o Governo tomou posse.

"É por isso (...) que, do fundo do coração e também com alguma emoção, aqui venho e aqui está todo o Governo para lhe desejar um feliz Ano Novo", concluiu o primeiro-ministro. * Com Lusa


in DN, de 7 de Janeiro

Tinha interiorizado a decisão de não fazer transbordar do que penso para o público aquilo que acho sobre os candidatos e as espectativas que provocam. Não será importante e nada alterará à ordem estabelecida. Depois, com o tempo, esta notícia que havia lido, foi-se agigantando e ganhando algum peso e significação. As abordagens de PP vieram trazer luz, outra perspectiva, aos ditos do Presidente referentes ao Governo.
Dissera eu há pouco que nada de mal virá ao mundo na sequência das eleições presidênciais independentemente de quem as venha a vencer. Aquela afirmação de Sampaio parece, porém, representar um sinal de alerta, uma estaca marcando um tempo e um lugar, que ficará por algum tempo de referência para quem vencer as eleições. Se não na mente de quem as vencer pelo menos na memória de muitos que vivem com preocupação a sobrevivência de uma comunidade de língua e cultura que vê periclitente o futuro imediato e o dos seus filhos.

1 comentário:

JOSÉ HENRIQUES disse...

São todos farinha do mesmo saco.