
Lido o jornal espanta logo de início, a completa ausência, o estrondoso silêncio sobre as eleições autárquicas que haviam decorrido de feição a outros que não aos simplesmente-únicos-surpresos pelos resultados dessas eleições.
Há, porém, coisas para as quais já não há paciência, nem tempo, pelo que nada se pode apurar de consistente, autêntico e sério daquilo que no interior se diz sobre os resultados. Lidos os textos de antanho, de um tempo que não querem recordar porque falhos de consistência e prenhes de esperanças vãs, não se perspectivava nada que permitisse alimentar uma ideia de futuro, algo em que alguém pudesse confiar e acreditar para induzir no tecido social e económico do município alterações de um outro cariz, de uma outra perspectiva -- sim, que nisto de democracia os caminhos únicos, o pensamento único..., são termos e ideias sem valor. Só num texto da autoria do Candidato o número de termos de cariz ético-moral que a si próprio atribuía eram incontáveis e, com substância e credibilidade, algo que dissesse algo a alguém, nada! Será difícil encontrar no jornal de campanha uma ideia prospectiva, uma proposta original, consistente e testada. Ao invés, ideias reactivas e reaccionárias contra alvos de eleição, no mais puro e, por vezes abjecto, bota-abaixismo.
Alfredo Pimenta, interessava mais do que uma palavra de reconhecimento aos vencedores. É que dizer «Apresento-lhe os meus sinceros parabéns pela sua heroicidade nestas eleições. Um homem não é forte quando cai é forte quando não desiste», não basta, nem fazer profissões de fé na teimosia melhora a situação. Veja bem, caro Candidato derrotado, que tal frase foi dita por alguém que, reconhece, «muitos considerámos que nos prejudicou» Desistir é, tantas vezes, sinal de inteligência e humildade tanto mais quanto aqueles que têm sempre razão dizem tão inequivocamente para que desista. Mas se a teimosia em lutar por ideias e projectos e ser deles o protagonista em que a maioria não confia parece a sina do Candidato e a preocupação dos últimos números do jornal, a humildade e o reconhecimento da autoridade e da vontade do povo soberana impunha que se reconhecesse o mérito da vitória a quem a teve. da parte do Jornal, porque não, mas também dos candidatos que usaram esse meio para o justo e legítimo combate político.
Presunção minha, dirão, esperar algo de um mero jornal de campanha!
PS. Dizem as más línguas que tiveram que mudar a capa à ultima hora (e refazer, certamente, à pressa os textos). Olhando para as esfarrapadas desculpas encasuladas no jornal parece haver alguma razão nessa piada. Uma ida ao oftalmologista não seria descabido para que possam melhor ver o que se passa à sua volta e não alimentar esperanças tolas.
Sem comentários:
Enviar um comentário