22 junho, 2008

MASSA CRÍTICA.

Uma simples consulta na WEB indica-nos que "em dinâmica social, massa crítica é a mentalidade de um grupo que é suficiente para, em quantidade e qualidade, permitir, propiciar e sustentar determinada acção ou comportamento.

Quantidade mínima de mentalidade em relação a um determinado assunto necessária para sustentar uma atitude, uma acção ou um comportamento."

Naturalmente que em Barroso não falta massa crítica, porque não falta o ambiente propício à sustentabilidade de uma certa forma de estar e de ser. Falta é uma certa massa crítica indispensável à mudança, que seja capaz de sustentar uma reorientação nas prioridades, capaz de aqui e ali inverter os referenciais, aqui e ali perverter uma certa ordem, provocar a desordem (desordem que não é senão uma ordem diferente).Tal como na física nuclear, uma massa crítica é fundamental para a manutenção de uma reacção; na vida social, económica e política, e por analogia, são necessárias partículas da mesma natureza para que a cadeia se mantenha, para que a reacção vingue. Não significa isto o desprezo deste ou daquele, a "minoração" desta ideia ou o desprezo por aquela proposta. Com falta de massa crítica queremos dizer apenas que o seu número não é bastante para produzir alterações comportamentais ou a sua manutenção. Ou porque não há mesmo agentes capazes de gerar essa energia ou porque aqueles que o fazem são alimento ou do desprezo e inveja ou de qualquer outro sentimento "conservador"de muita gente.

E não adianta procurar culpados que os não há. Se essa capacidade é socialmente desenvolvida por interacções de cunho educativo/formativo no seu sentido mais amplo, não deixa de ser verdade que a sua afirmação é de natureza eminentemente pessoal e aí é determinante a vontade e o cálculo de ganhos e perdas que cada um faz de si para si mesmo. Os condicionalismo de cunho sociológico comummente referidos são argumentos fracos e justificam, o mais das vezes, o desinteresse próprio. Num espaço rapidamente inter-conectável as capacidades locais são igualmente voláteis e permeáveis a uma concorrência que produz o sucesso e as misérias de muitas regiões. Afinal, continuamos debaixo do mesmo problema da criação de "sobrevalor".

Naturalmente que poderemos apontar defeitos aqui a ali, indicar instituições ou órgãos da administração onde essa falta se possa eventualmente fazer notar, mas tal significa também que estamos já dentro de um processo de criação ou bloqueio dessa massa crítica e revelamos apenas, com essa crítica, uma discordância de circunstância: tomamos partido. E aí já não se discute a quantidade, mas a qualidade da massa crítica.

Fernando Rodrigues tem uma dupla razão: sabe quão importante é a massa crítica enquanto horizonte de recorte e suporte das alterações que urge fazer na tessitura económica e social do território, e, em segundo lugar, afirma, categoricamente, que essa valência não depende necessariamente de certos investimentos infra-estruturais como auto-estradas.