21 novembro, 2006

FEIRA DO FUMEIRO – 3


Tudo quanto temos falado sobre a «Feira do Fumeiro pode resumir-se à tentativa de afirmar vencida uma etapa que fecha com a construção de um espaço que dignifica esse evento.

Neste momento, e sobre essa nova realidade, há que olhar a Feira do Fumeiro não como uma realização gastronómica, mas como uma actividade genuinamente económica à qual falta, na minha humilde opinião, a sua vertente empresarial.
Não defendemos a empresarialização pura e dura da produção do fumeiro, a sua componente artesanal e familiar é socialmente relevante para ser esquecida ou desprezada, mas custa-nos também ver que essa riqueza se reduza apenas a esta dimensão familiar e artesanal.
Não cremos que este tema deva ser tabú e acreditamos ser problemático e nada consensual, mas a verdade é que reconhecendo as potencialidades desta área, reconhecemos também que dificilmente frutificará uma actividade que se orienta apenas tendo em vista esse objectivo sazonal que é a 'feira do fumeiro'.

Sobre a qualidade do fumeiro é assunto em que não tocamos e, se já eventualmente falamos cada vez mais nos convencemos que o não devemos fazer. Não porque seja tabú ou reprovemos em absoluto nos outros o facto de sobre esse tema opinarem quando lhes apeteça, mas porque não percebemos do assunto e a nossa avaliação nada vale para lá daquilo que é o nosso pessoalíssimo critério de gosto. Gostamos ou não gostamos quando o provamos e por aí ficamos. Além disso, nesta aspecto somos profundamente liberal: deixamos o mercado fazer a avaliação, a qual se traduz pela adesão do comprador ao produto e se reflecte na procura que se constata. Há muita procura porque o produto é bom e/ou é escasso; há muita oferta porque o produto é mau e/ou caro. E por aqui ficamos.
Revelar problemas sem mais nada, discorrer sobre a qualidade sem a referência a um critério, objectivo ou enquadramento, é alimentar gratuitamente suspeições, e transmitir ou deixar que transmitam ingenuamente os factores de dissuasão da valorização do produto. É, fundamentalmente, juntar aos produtos e produtores esforçados qualidades subjectivas ou defeitos que podem lançar neles a desmotivação ou diminuir o seu esforço na qualidade.
Agora, que há críticas bem intencionadas que têm efeitos nefastos em todos e nem sempre nos culpados, há, e não vale a pena diluir as responsabilidades nessas consequências com o legítimo direito à crítica.

Interessaria saber, avaliar até que ponto é possível, necessário ou desejável subir a um patamar de produção -- exigente e de risco – capaz de ancorar no território uma actividade económica consistente em torno do «Fumeiro». Não será «A Âncora» mas uma das muitas âncoras que as potencialidades da região permitem.



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