23 setembro, 2006

Não desrespondendo, mas respondendo mesmo.

1 - Em 9 linhas, mais uma de endereço electrónico e 95 caracteres, desculpa que o diga, mas V. Ex cia não disse nada daquilo que agora se vê obrigado a dizer. Claro que perante tal facto e a nulidade de razões, mesmo que as afirme implícitas no texto, para justificar uma opinião, há sempre o perigo bem real -- e que, pelos vistos, despreza -- de se fazerem considerações imorais sobre pessoas com fundamento em meros preconceitos.

Por isso, e descansem os arautos da mera liberdade de opinião, não vituperamos a sua tentativa de opinião, mas a preguiça das frases pela metade e a sensação de desconforto causada ante a presença quem não tem a coragem de pôr o nomes nos bois, deixando à liberdade e criatividade de quem lê a possibilidade pura e simples de manipular. É que na política como na vida há ainda quem pense que nem tudo vale e que a coragem e a verdade não podem ser contornadas pelo populismo e a demagogia. A verdade e a coragem, na vida e na política, nem sempre são avaliadas como boas, nem são sempre tidas na melhor conta, mas tal não significa a negação do seu valor e importância.

Em liberdade, DIZER dos Outros aprisiona e castra. Aprisiona porque deve ter sempre presente a preocupação da verdade e castra porque limita ou inibe os devaneios ou as criações artificiosas ante a DIGNIDADE do Outro. Se concorda connosco devia ter mais cuidado na forma como tentou dizer o que não disse e não estranhar, consequentemente, que tenhamos visto no seu escrito uma forma refinada de demagogia. Se não concorda, fica provada a justeza da observação que lhe fizemos.

2 - Não estávamos, na altura, a favor ou contra uma opinião pela simples razão de que V. Excia não dava nenhuma razão para opinar, nem, possivelmente as tinha, porque a Razão quando se tem não cabe em meias palavras! Por outro lado, não poderíamos nunca ter uma opinião «provavelmente positiva em relação aos investimentos em automóveis efectuados pelo executivo …» pela constatação de infantilidade que nos impressionou na forma como se construiu esse remedeio de mensagem. Vamos lá ver, com tanta coisa urgente a discutir, essa questão de um carro de trabalho, detectável apenas do título, não é deveras importante para aquilo que NÓS julgamos importante: assunto de «lana caprina». Ou é ingenuidade sua em ‘tomar a nuvem por Juno’ ou falência crítica, ao não detectar que aquilo que é importante deve revestir uma forma própria que todos (ou quase todos) entendam e, por outro lado, tem um reflexo duradouro e está de facto em áreas bem diferentes, bem mais complexas que aquela da marca de uma viatura. Certamente que esta é a nossa opinião e nela fundamos -- damos as razões, «justi-ficamos» -- aquilo que dizemos, sem esperar que quem discorde connosco concorde. Mas terá de dar razões dessa discordância se vontade tiver de a afirmar.

E quanto a infantilidade, em boa verdade, ela não significa mais do que isso, e imaginar que o seu post foi mal entendido – invocando um pretenso sentido obscuro para o termo ‘infantilidade’ --, não havendo por isso justiça na opinião que formulamos -- só podemos concluir com pena estar V. EX cia a fazer uma consideração superlativa da ideia que possui, tendo em vista a forma rocambolesca que utiliza para dar a conhecê-la.

3 – E depois há essa afirmação paradoxal de que não é político. É, sim senhor, é político, mas dos que consideramos piores políticos. Sim, os piores, porque O são com vergonha de O dizer que são e mascaram com isenção e equidistância aquilo que nada mais é do que política sectária ou bem polarizada. O que pretendem, como o senhor fez no seu post, é furtar os seus actos, políticos, pois, que haveriam de ser, à falsificabilidade natural da opinião e contestação racional dos outros e para isso, tal como também faz no seu post, embrulham demagogicamente ‘a coisa’ em frases ao seu jeito e ao seu gosto, como se a avaliação e a análise da mesma situação pelos outros se tenha que reger pelos seus critérios e linguagem mui particulares. Quer o conteúdo, quer a forma são contestáveis e, no seu caso, a quase-ausência de conteúdo, mais contestável é quando afirma apenas intencionalmente a transcendência do tema a que diz, e diz só agora, referir-se. Por isso, se nada quer da política como o afirma, pior para si, já que não nos deixa outra conclusão a colher senão a de que trabalha então politicamente para um outro. E, depois, tenha paciência, lendo o seu post, o senhor revela saber bem demais quem nós somos. Não precisa de invocar desconhecimento -- «seja Vossa Excelência quem for» -- para dar ‘candura’ e ‘verdade’ àquilo que vai dizendo a seguir.

4 – Humildemente afirmamos que pretendemos saber o que é a demagogia e o populismo, e não o aprendemos nem testamos no exercício do poder. Se nessa afirmação de «que bem conhecerá por certo» tem implícito (o implícito novamente, as meias frases, as nenhumas-verdades…) algum juízo de valor sobre o que quer que seja, seja franco e prove estarmos a cometer o mesmo erro de que o acusamos … Porque em pior posição estará V. Ex cia se nos quiser convencer não atinar com o que seja ‘populismo’ ou ‘demagogia’, o que poderá levar o mais argutos a pensar estar V. Ex cia a laborar em erro sem o saber.

Não leve demasiado a peito as opiniões que se formulam sobre coisas não essenciais. Afinal, o seu post não merece um comentário porque não expressa uma opinião. A sua forma, essa mania de que «não é preciso escrever muitas palavras para que as coisas fiquem ditas e claras», remetem-nos mais para uma linguagem de «seita» do que para a de alguém que quer dar opinião e a submete humildemente à opinião dos outros. Por vezes acontecerá, e o nosso caso poderá configurar isso, admitimos, que a reacção é demasiado ‘violenta’ relativamente àquilo que era justo esperarmos. Não havendo seita ou loja secreta na qual a formação iniciática nos possa abrir a compreensão plena das meias palavras, é a clareza da forma que nos abre as portas para a discussão substantiva. Não havendo essa substância claramente expressa, a nossa crítica vai apenas para a forma como disse aquilo que ainda agora não diz plenamente. Mas ninguém é ingénuo plenamente e sempre. O clima de suspeição que deixa no ar, mercê da liberdade criativa que permite, justifica a severidade da análise por deixar escuros os actos e factos criticáveis e às claras a possibilidade de desprimor e sanção injusta dos Outros, de qualquer um de nós.

Afinal, «infantilidade» é uma noção básica que a ninguém provoca dúvidas quanto ao sentido, independentemente de lerem ou não Ferreira de Castro. Já agora, para um Montalegrense ‘com opinião’ afirmar não conhecer Ferreira de Castro, o de «Terra Fria», esse mesmo, não sabemos bem o poder justificativo de tal dito, não sabemos (isto é, não temos a certeza) onde quer chegar, mas pode ser erro nosso…



PS. Texto original e que motivou as observações que agora esclarecemos (ou justificamos).

5 comentários:

Pedro Silva disse...

Está bem, Ex.mº! Diga o que lhe apetecer. Não tenho tempo para rebater os seus agumentos e, na verdade, nem me apetece. Já perdi demasiado tempo com isto. Ficaríamos sempre no mesmo!Continue com as suas "verba", eu por aqui me fico. Saiba, porém, que a ironia existe.

N.P. disse...

Também acho, mas não lamento que assim pense.
Afinal só respondi ao seu repto e expliquei -- penso que bem -- a minha noção de «infantilidade». Lembra-se que perguntou: «Dir-me-á V. Ex cia a sua noção de infantilidade [...] » e eu disse! Depois, visto o dito, ficou sem palavras e sem tempo. Curioso, quando eu esperava que V. Ex cia juntasse imediatamente ao conceito uma lista «de muitas outras coisas…» deparo com esta saída pela porta dos fundos. Conveniente, de facto! Afinal, no termo «infantilidade» não haveria também uma carga irónica muito forte? Não a viu, pois, não viu não… claro!
Agora, que no fim confesse que fica no mesmo (fale por si que não por mim)imaginava que assim pudesse ser, mas não esperava que tão candidamente confessasse o seu arreganho a um preconceito. Portanto, e consequentemente, concluiu nada mais haver a dizer e eu concordo. Por mim confesso ter aprendido um pouco mais pela possibilidade que me deu de analisar um modo de acção que deforma e degrada preconceituosamente a actividade pública. E depois seria decididamente moer em seco ao insistir numa discussão com quem não tem tempo, não lhe apetece discutir nem deseja descentrar-se sequer do seu egoísmo. Assim seja, portanto.

Pedro Silva disse...

Ex.mº, é mesmo falta de tempo! Mas, uma vez que pretende retórica, logo que possa dar-lha-ei. Espero poder fazê-lo em breve.

Anónimo disse...

Não passa de um infantil esse Pedro Silva. Tem a mania que sabe tudo e espremendo bem... não sabe nada.

Dêem lá um BMW ao rapaz senão ele nunca mais se cala

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.