Pasmamos por vezes ante certos ditos que nos invadem e incomodam. E nos deixam perplexos como se não fosse possível ouvir tal coisa. Não que não seja possível que acedam aos nossos ouvidos tais ditos e outros da mesma natureza, mas porque vindos de quem os proferiu só podem ser recebidos com um misto de perplexidade e incredulidade. Não é que alguém nos justificou que a razão de ser das deficiências e da fraca qualidade do ensino em Portugal radicam tão só, assim mesmo, no 25 de Abril! Vindo de um qualquer partidozeco da extrema direita não espantaria, já temos habituado o ouvido e treinado a consciência para entender tais ditos. Agora, vindo de alguém que se afirma social democrata essa não esperava. Não é que não haja quem pense de igual modo e se afirme ao mesmo tempo da família da social democracia (!!!???), acontece, porém, que nunca tal ouvi a alguém com responsabilidade. O drama está na falta de autoridade, concluiu! Naturalmente que cada um preocupa-se com o que lhe falta, mas o ensino em Portugal não se estrutura em torna da autoridade pura e simples, mas elege como valores fundamentais uma panóplia de valores que, em muitos casos, são a negação pura e simples da saudosa autoridade do 24 de Abril. Dizer tal coisa é fazer a primeira confissão de incapacidade para perceber a complexidade do ensino e os problemas que existem em torno da ideia de educação e dos grandes objectivos que a orientam. Depois disto, depois de assim pensar com esta simplicidade, é fácil criticar e dizer o que está mal, mas é de todo impossível acertar com os problemas quanto mais opinar as soluções.
Quem foi que aqui há uns anos fez uma celebração do 25 de Abril travestindo a “Revolução” em “Evolução” (ou coisa do género)?
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