Aprovado regimento municipal de educação

Foi aprovado o regimento do CME. Órgão consultivo para as políticas da educação, da boa, como se deseja…

Dos 18 elementos que o compõem apenas quatro são professores e um representante da organização regional da tutela da área educativa. Digo ‘apenas’ por uma razão simples, ligada ao facto de em matéria de educação dar a impressão de que todos percebem do assunto excepto os próprios profissionais. Alguém dizia, sobre outro assunto, que «o ciclismo é um desporto muito bonito, mas quem dá cabo dele são os ciclistas». Não se contesta a presença de outros elementos nesse órgão consultivo, até porque eles são determinantes para a abordagem e esclarecimento de todas as outras matérias ligadas ao sucesso educativo, matérias essas que são, o mais das vezes, de outra natureza que não a especificamente pedagógica ou intelectual de professores e alunos.

O que  não se poderá concluir, porém, que desta visibilidade dada, estes interveniente se coloquem em igualdade de circunstâncias, num mesmo nível de responsabilidades, na medida em que participam de forma desigual, por vezes residualmente, no processo educativo. Aos professores, autarquia e pais é dado, em concreto, o papel determinante, papel esse que não deve ser subalternizado a questões meramente ideológicas e de princípios programáticos. O pacto de regime que urge instituir para o sucesso da sociedade em que vivemos não tem que forçosamente ser  negociado no quadro dos partidos políticos, mas sim, e com maior sucesso, no quadro da compreensão serena do processo e na garantia dada por todos da posse das condições básicas de funcionamento da instituição. Acordo, portanto, de cidadãos, moral mínima para o funcionamento da instituição, mas que inviabilizaria ‘raids’ suicidas quando a circunstância de alguns o privam de propostas para ‘botar figura’ noutras áreas de prioridade maior. E, na falta destas, aparece sempre a educação a ser invadida pela sua ‘genialidade’, quebrando não só a serenidade essencial ao processo, mas impedindo também a maturação e avaliação de ideias e modelos em vigor. Ninguém aprende nada com ninguém num campo sujeito como está ao mais afoito experimentalismo, ao mais ‘conservador’ espírito revolucionário.

Bom aconselhamento se deseja, ainda melhores medidas se esperam da autarquia e uma maior responsabilidade -- partilhada por todos -- se exige para bem dos garotas e garotos que têm na escola a primeira ferramenta para o sucesso na vida.

 

Regimento a ver em:

http://www.cm-montalegre.pt/showNT.php?Id=361