05 abril, 2006

Inquérito

Está há demasiado tempo aqui postado ao lado um pequeno inquérito que mais não pretendia que sondar a opinião de quem nos visitava sobre aquelas actividades económicas que poderão no imediato e a breve prazo servir de suporte à vida em Barroso. Não esse suporte vital, mas o económico, aquele que permite que um território continue habitado por pessoas com uma vida digna. Os resultados não permitem qualquer leitura científica, não tanto pelo número de opiniões, mas pela incapacidade de transpor para o campo da análise a qualidade de quem manifestou a sua ideia.

Posto isto, verificamos que o grosso das opiniões – que não são representativas, repito – aponta para o turismo e os produtos de qualidade como actividades económica que valem a pena ser continuadas. Só depois, e com alguma distância, aparece a agricultura. Estranho o facto de ninguém apostar no comércio. É claro que outras questões poderiam ser equacionadas como, por exemplo, as vias de comunicação que coloquem qualquer lugar a uma distância aceitável de um grande centro. A verdade é só uma: o interior depaupera-se e desertifica-se, não tem condições para garantir uma rendibilidade de um investimento de qualquer natureza. Os produtos de qualidade e o turismo permanecem, a meu ver, das poucas actividades com algum potencial de crescimento e com capacidade de fixar quem tenha alguma sentido de oportunidade, gosto de arriscar e algum saber produzir e promover produtos e serviços com qualidade. A agricultura também, mas perspectivada de forma diferente. Não na perspectiva  de uma competição pura e dura, mas orientada para determinados nichos eloquentemente definidos e sabiamente promovidos. O fumeiro, a  vitela, o cabrito… podem ser exemplos desse nicho, mas nunca  abordados numa lógica de consumo de massas para o qual não há quantidades. O problema maior continuará a ser, para a agricultura, aquilo que for definido e aprovado em termos de PAC. Porque ou há uma abordagem proteccionista de um estilo de vida rural, enquanto modo de vida genuinamente europeu e carregada de significado, ou então as malhas globalizantes poderão terminar com esta ocupação milenar e com a cultura que lhe está associada. O modo como a agricultura – os pequenos agricultores de Barroso --  tem sido apoiada não perspectiva nada de bom, de construtivo. São raras as excepções de uma actividade agrícola que não ande ao sabor das circunstâncias e apenas enquanto nada de melhor surja para desviar para outras actividades ou outras terras muita gente, grande parte dessa que alimenta o decréscimo  a que se reportam as estatísticas. Em si isto não é mau, apenas o é na medida em que essa transferência não se dá no espaço de Barroso para outras actividades ou sectores com maior rentabilidade ou saber incorporado e não constrói uma alternativa consistente à agricultura. Por vezes fuga pura e simples à agricultura.

Falta de ‘empreendedorismo’?  Certamente, porque o turismo ligado à exploração do território tem um enorme potencial. A caça, a pesca e tudo quanto se reporte à dinâmica de um espaço que permanece com uma identidade e sabor únicos não  desaparece por si, nem carece de investimentos superiores à riqueza  disponível no território e nas suas instituições. Poderá faltar a dinâmica empresarial que crie as condições para a correcta e inteligente exploração desse potencial. E o reconhecimento universal do valor desse filão, certamente!

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