Está há demasiado tempo aqui postado ao lado um pequeno inquérito que mais não pretendia que sondar a opinião de quem nos visitava sobre aquelas actividades económicas que poderão no imediato e a breve prazo servir de suporte à vida
Posto isto, verificamos que o grosso das opiniões – que não são representativas, repito – aponta para o turismo e os produtos de qualidade como actividades económica que valem a pena ser continuadas. Só depois, e com alguma distância, aparece a agricultura. Estranho o facto de ninguém apostar no comércio. É claro que outras questões poderiam ser equacionadas como, por exemplo, as vias de comunicação que coloquem qualquer lugar a uma distância aceitável de um grande centro. A verdade é só uma: o interior depaupera-se e desertifica-se, não tem condições para garantir uma rendibilidade de um investimento de qualquer natureza. Os produtos de qualidade e o turismo permanecem, a meu ver, das poucas actividades com algum potencial de crescimento e com capacidade de fixar quem tenha alguma sentido de oportunidade, gosto de arriscar e algum saber produzir e promover produtos e serviços com qualidade. A agricultura também, mas perspectivada de forma diferente. Não na perspectiva de uma competição pura e dura, mas orientada para determinados nichos eloquentemente definidos e sabiamente promovidos. O fumeiro, a vitela, o cabrito… podem ser exemplos desse nicho, mas nunca abordados numa lógica de consumo de massas para o qual não há quantidades. O problema maior continuará a ser, para a agricultura, aquilo que for definido e aprovado em termos de PAC. Porque ou há uma abordagem proteccionista de um estilo de vida rural, enquanto modo de vida genuinamente europeu e carregada de significado, ou então as malhas globalizantes poderão terminar com esta ocupação milenar e com a cultura que lhe está associada. O modo como a agricultura – os pequenos agricultores de Barroso -- tem sido apoiada não perspectiva nada de bom, de construtivo. São raras as excepções de uma actividade agrícola que não ande ao sabor das circunstâncias e apenas enquanto nada de melhor surja para desviar para outras actividades ou outras terras muita gente, grande parte dessa que alimenta o decréscimo a que se reportam as estatísticas. Em si isto não é mau, apenas o é na medida em que essa transferência não se dá no espaço de Barroso para outras actividades ou sectores com maior rentabilidade ou saber incorporado e não constrói uma alternativa consistente à agricultura. Por vezes fuga pura e simples à agricultura.
Falta de ‘empreendedorismo’? Certamente, porque o turismo ligado à exploração do território tem um enorme potencial. A caça, a pesca e tudo quanto se reporte à dinâmica de um espaço que permanece com uma identidade e sabor únicos não desaparece por si, nem carece de investimentos superiores à riqueza disponível no território e nas suas instituições. Poderá faltar a dinâmica empresarial que crie as condições para a correcta e inteligente exploração desse potencial. E o reconhecimento universal do valor desse filão, certamente!
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