Quanto a esta questão tenho que dar a mão à palmatória. Entrei numa discussão que já estava feito à partida, balizada, com escolhas feitas. Os dados são inquestionáveis e são tão absolutos como o é tudo quanto queremos que o seja. O que pretendia apenas era que se fizesse uma leitura pragmática do relatório, que os dados fossem contextualizados com a consideração da realidade física do município. Assim, acredito, a denúncia da DECO tem o peso que realmente tem e sustenta o pedido de assumpção de responsabilidades. Responsabilidades de quem tem obrigação de fazer respeitarem as exigências dos cidadãos quanto à prestação de um serviço essencial, mas também de quem tem o dever de explicar o que já foi feito para superar as carências detectadas nessa área.
Pecador me confesso, não devia entrar no debate. Não porque me incomoda a matéria ou as ‘culpas no cartório’, mas porque os discursos que se cruzam são incomensuráveis entre si. Incomensuráveis porque diversos nos fins e díspares nos resultados. Incomensuráveis porque apoiados também em pressupostos e objectivos diferentes e até contrários à importância e dignidade do problema.
Que o incumprimento acontecia, já há muito se sabia e sabia-se até que era muito difícil de conseguir independentemente dos esforços que se faziam para cumprir. Difícil porque aumentavam as exigências legais e, e muito bem, as exigências dos consumidores. Mas também por motivos exógenos à vontade e competência da entidade gestora, e que têm a ver com a dimensão, disparidade e dispersão da rede, adversas a qualquer esforço exequível de controlo. E o município, fisicamente, é o que é e não como gostaríamos que fosse!
Como gostaríamos que fosse sabemos bem e, no que à distribuição de água se refere, a solução passa pelo incremento da ‘profissionalização’ do serviço e pela ‘industrialização’ do produto.
Esta é a solução, é o futuro e sobre ela ninguém diz nada que seja para lá dos argumentos de circunstância e da sobrevalorização de argumentos 'paroquiais'. O cumprimento objectivo das exigências legais da qualidade da água passa, a meu ver, por esta solução, e quando se me ofereceu a oportunidade de a implementar, apoiei-a. A perspectiva pragmática que defendi, exige soluções e empenhamento proactivo no seu desenho, avaliação e defesa. E uma lógia de intervenção adversa ao ‘politicamente correcto’. Porque reagir apenas é a denuncia de uma falha grave na abordagem do problema por denunciar a superficialidade da atenção prestada e o obscuro critério de oportunidade da expressão do problema.
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